quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A persistência do analfabetismo

Um relatório divulgado recentemente pela Unesco aponta que o Brasil aparece em 8° lugar entre os países com maior número de analfabetos adultos.
Segunda o último levantamento do IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), são 13,2 milhões de analfabetos (entre a população com mais de 15 anos) no país.
Uma pesquisa realizada em 2001, ainda durante o criminoso governo de FHC, realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, apontou os assustadores dados: analfabetos adultos 11, 5 milhões, nível rudimentar 40,5 milhões, nível básico 90, 7 milhões e nível pleno 50,2 milhões. Passados quase 13 anos e mais de uma década com o Partido dos Trabalhadores no poder central do velho Estado, a população brasileira aumentou e cresceu também os números em todos os níveis de aprendizado levantados em 2001, ficando o nível chamado “pleno” estável.
Não podemos descartar os dados. As gerências de turno só gostam de utilizá-los quando lhes é favorável. Os oportunistas do PT e seus asseclas (pecedobê e companhia) viviam criticando as outras gerências do Estado Brasileiro pelo fato de nos períodos desses governos mais de 75% da população ser considerada de analfabetos funcionais. E agora? Como vão justificar o injustificável, à medida que dados levantados pelos próprios órgãos dos governos apontam que esse número aumenta a cada ano.
E nas campanhas da farsa eleitoral eles sempre apontaram os diagnósticos para o problema: “É preciso investir massivamente na educação e formar adequadamente nossos professores, blá, blá, blá...”. Assumiram a gerência do imperialismo no país e seguiram a risca a cartilha de sangria desatada das riquezas da nação, da violação dos direitos trabalhistas e previdenciários e da matança de pobres.
Arrotam que a vida do povo brasileiro melhorou, que a “democracia” foi aprofundada e que existe agora uma nova classe média que come três refeições por dia, mas basta surgir dados de pesquisas com essa do Pnad para constatar que tudo não passa de maquiagem e distorção da dura realidade que está submetida parte considerável dos trabalhadores brasileiros.
Não é possível democratizar a educação sem antes transformar radicalmente as estruturas da sociedade. A luta para superar o analfabetismo alcançará êxito quando for parte da politica de um verdadeiro Estado Popular e não desse Estado da burguesia e do latifundiário que quer manter o povo trabalhador analfabeto, oprimido e explorado.
A persistência de uma taxa de analfabetismo considerável e o absurdo número de analfabetos funcionais revelam marcas profundas da semifeudalidade no país. Contudo, ao mesmo passo que lutamos pela destruição do velho Estado, por uma democracia popular, precisamos também organizar as lutas em defesa do ensino público, gratuito e a serviço do povo. Fazer das unidades de ensino genuínas trincheiras de resistência, unindo professores, funcionários, pais e alunos na exigência de maiores investimentos e valorização dos salários dos profissionais em educação e sobretudo, que os filhos e filhas das classes trabalhadoras tenham o direito de aprender.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Abaixo a destruição do ensino público pelo governo PT/FMI e o peleguismo no movimento dos trabalhadores em educação!



O povo brasileiro, principalmente a juventude combatente, tomou as ruas de todo o país em junho/julho de 2013 e protestou massivamente contra a farra da Fifa, a situação caótica dos serviços públicos, o aumento da carestia de vida e a crescente situação de exploração e opressão a que o povo trabalhador é submetido diariamente.
As grandes manifestações voltaram a reaparecer depois de anos de estrangulamento por parte das centrais pelegas e governistas (Cut & cia.), expressando um novo ciclo da luta de classes no Brasil. Após as jornadas de junho/julho, milhares de trabalhadores em educação do Rio de Janeiro, Goiânia e Pará realizaram combativas greves, escancarando a nefasta política educacional da gerência PT/FMI e do velho Estado brasileiro. Apontaram importantes lições para o conjunto dos profissionais em educação. Um exemplo a ser destacado é a grandiosa greve da rede municipal e estadual do Rio de Janeiro.
Foi travado nos mais de 70 dias de greve um verdadeiro “cabo de guerra” com as gerências Paes/Cabral. Relatos de professores que atuam na base apontam que desde o início a direção central do SEPE (Psol/Pstu) fazia todos os esforços para colocar “cabresto” na justa revolta dos trabalhadores, tentando “modelar” a expressiva combatividade demonstrada a cada atividade da categoria em greve, tentando em vão dar à paralisação um caráter pacífico, nos moldes das movimentações que os partidos oportunistas tanto gostam de fazer, em clima de carnaval e sem combatividade.
A greve foi extremamente massiva, ocorreram várias manifestações com 10 mil trabalhadores. As assembleias, todas lotadas, reuniam em torno de 5 mil pessoas na rede municipal. Os grevistas ocuparam a Câmara Municipal para impedir a votação do Plano de Carreira e, diante da ordem de desocupação, resistiram bravamente e só saíram de lá arrastados pela polícia fascista de Paes/Cabral. Após essa ação truculenta e covarde, os trabalhadores em educação convocaram a população para ir às ruas em apoio ao movimento, e o povo do Rio de Janeiro respondeu ao chamado, realizando uma manifestação com mais de 80 mil pessoas no dia 07 de outubro. A juventude combatente respondeu prontamente e se colocou na linha de frente dos combates, protegendo os manifestantes dos ataques da polícia.
A massa demonstrou muita combatividade, mas como é de praxe no movimento sindical oportunista, no final a direção entregou a luta, sobretudo para não comprometer os futuros interesses mesquinhos de seus partidos eleitoreiros. As assembleias que encerraram a greve nas duas redes foram escancaradamente manipuladas. Foram dezenas de falas de avaliação pela continuidade do movimento grevista e após várias táticas de enrolação por parte da mesa para esvaziar a votação decisiva no final, a direção do SEPE acabou manipulando o resultado da votação.
O MOCLATE integrou e acompanhou com grande entusiasmo o histórico levante dos trabalhadores em educação do Rio de Janeiro. Nesse sentido repudiamos veementemente a posição oportunista, pelega, covarde e traidora da direção central do SEPE, que manipulou vergonhosamente a votação e passou por cima da vontade da grande maioria que compõe a base da categoria, que queria continuar a luta e que foi, na verdade, a responsável por este grande e combativo movimento de greve.
E a CNTE/CUT? Onde essa autarquia do MEC estava nos grandes enfrentamentos travados pela categoria em luta? Estavam presentes quando do covarde ataque da PM aos acampados na Câmara Municipal? No máximo mandaram uma representante da executiva nacional na massiva manifestação do dia 07 de outubro e publicaram uma notinha de 3 parágrafos em sua página eletrônica na internet.
Quais conclusões podemos tirar disso? Onde existe combatividade e rebeldia por parte da massa de trabalhadores em educação, onde os métodos de luta são decididos pelos próprios trabalhadores da base e existe uma persistência para que a população se insira na luta, a CNTE está fora, preocupada em preservar os governos com quem são umbilicalmente ligados.
O enfrentamento a todo esse peleguismo e oportunismo precisa ocorrer em cada escola pública desse país, com os trabalhadores defendendo seus reais interesses e também de seus alunos – filhos e filhas da classe trabalhadora. Ou seja, repudiar as orientações desses pseudos representantes que, mais uma vez, usam esse congresso para continuar encastelados na CNTE e obter mais “carguinhos” no velho Estado reacionário e verbas. Para isso fazem conferências e simpósios pra lá e pra cá e reuniões constantes com o governo. Mas quando a massa de trabalhadores em educação vai para o enfrentamento direto com o velho Estado, os burocratas da CNTE (PT, Pecedobê) e de seus sindicatos filados fazem o papel da reação, colocando obstáculos para a luta.
Os trabalhadores em educação necessitam construir um movimento por fora das estruturas burocratizadas do sindicato, precisamos de novas formas de organização e luta. Construir o movimento em cada escola, unindo toda a comunidade. Devemos realizar greves menores e mais intensas, radicalizar no conteúdo e forma desde o início, para que o prejuízo para nossos alunos seja o menor possível. Fazer greves de ocupação de nossas escolas, colocar a referência do movimento no local onde trabalhamos e onde estão nossos alunos e não nos órgãos de governo. Apostar na mobilização da categoria e toda comunidade escolar e não na institucionalidade. Greves eternas desgastam a relação entre o movimento e aqueles com quem devemos manter uma relação estreita de união e confiança, nossos alunos e seus familiares. O movimento em defesa da escola pública, de um ensino público, gratuito e que sirva ao povo, só pode ser forte se unir professores, funcionários, alunos e pais.
Só podemos construir essa união se lutamos por garantir o direito de nossos alunos de estudar e aprender, se construímos no dia a dia e em torno das questões mais imediatas de nossos alunos a luta em defesa do ensino público. Precisamos lutar para que nossas escolas sejam verdadeiramente democráticas, isso significa que quem deve decidir sobre o ensino, o currículo, a avaliação, o planejamento, etc. é a comunidade escolar e não as Secretarias de Educação e seus burocratas.
A situação da escola pública no Brasil hoje é gritante. Professores sobrecarregados, adoecendo devido às péssimas condições de trabalho, alunos desmotivados e sem perspectiva, escolas literalmente caindo aos pedaços. O resultado é que a maioria (sim, a maioria, mesmo que as estatísticas tentem maquiar a realidade) não conclui o ensino fundamental e, dos que concluem, boa parte não aprendeu ao menos a ler e escrever e a maior parte não sabe usar a leitura e a escrita como forma de inserção crítica na realidade. A remuneração dos professores no Brasil é ultrajante, o salário de professor, junto às péssimas condições de trabalho, é tão ruim, que a cada ano aumenta a carência de profissionais nas mais diversas áreas de ensino.
Não existe perspectiva de melhora das condições de trabalho e nem da escola pública como um todo dentro do atual estado de coisas. Nossos direitos só serão conquistados com muita luta e com independência completa dos governos, do velho Estado e suas instituições. Da mesma forma, não será votando em nenhum partido eleitoreiro dessas siglas que compõem o partido único das classes dominantes, que conseguiremos transformar essa dura realidade do ensino.
Conclamamos a todos trabalhadores em educação do Brasil a se unir a nós nesta luta, que é diária, persistente, de formiguinha, mas é a única que pode avançar na perspectiva de uma transformação profunda e radical do ensino e na construção de uma nova e verdadeira democracia em nosso país.

Abaixo o oportunismo, peleguismo e a traição no movimento dos trabalhadores em educação!
Viva a grandiosa greve dos trabalhadores em educação do Rio de Janeiro em 2013!
Defender a escola pública dos ataques dos governos!
Por um ensino público, gratuito e que sirva ao povo!
Construir um poderoso movimento dos trabalhadores dentro de cada escola!

MOCLATE – Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação
Contato: moclatebrasil@gmail.com